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segunda-feira, 15 de junho de 2009

A UNIDADE DA LUTA PELA EDUCAÇÃO

Nos últimos anos, assistimos a um processo violento de precarização e de degradação dos serviços públicos, principalmente daqueles voltados para o atendimento direto da maioria da população, como os serviços de educação e de saúde.
A mídia e os governos tendem a culpar os funcionários públicos pelas péssimas condições desses serviços, alegando que os funcionários públicos são, em geral, vagabundos, incompetentes, ineficientes e sem formação técnica e profissional adequada para realizar suas funções. Tudo se passa como se os culpados pela deterioração dos serviços públicos fossem os próprios funcionários e não os governos neoliberais que têm adotado uma política nefasta de redução de investimentos públicos nas áreas sociais, de retirada de direitos e de arrocho salarial dos servidores públicos. Como identificam a raiz dos problemas nos indivíduos e não na própria política estatal que implementaram até o presente momento, os governos têm criado falsas soluções que, na realidade, só tem resultado no aprofundamento do processo de degradação dos serviços públicos.
As últimas medidas implementadas pelo governo Serra para a área de educação são exemplos da lógica autoritária e precarizante de “resolver” os problemas sociais. Vejamos no quadro abaixo as condições atuais da educação, as soluções apresentadas pelo governo e porque esse projeto aprofunda a degradação da educação no estado de São Paulo (educação básica e superior) ao invés de resolver.

1. Cenário atual:

Precarização

- baixos salários e que não acompanham o aumento da inflação; (segundo dados da Folha de São Paulo, Caderno Cotidiano, de 15/10/2007, professor de São Paulo ganha 39% a menos que professor do Acre e se for levado em conta o custo de vida desses estados essa diferença sobe para 60%);
- infra-estrutura precária das escolas e universidades;
- número excessivo de alunos por professor;
- vale alimentação insuficiente;
- precarização dos contratos de trabalho somada à falta de contratações;
- bônus e gratificações;
- cartilhas irresponsáveis;
- sistema de avaliação de professores mecanizante, amparado na lógica de ranqueamento e premiação individual.

2. Proposta do governo:

Projeto de Lei Complementar nº. 19 regulamenta a contratação temporária de servidores públicos em casos de urgência, quando foram criados novos cargos em casos de aposentadoria, óbito ou ampliação do serviço público ou em casos de substituição por licença saúde ou maternidade.
Prevê a contratação temporária de funcionários públicos regulamentados pela CLT a partir de quinze dias de serviço e por um prazo máximo de doze meses, sem renovação de contrato (“quarentena”) nos próximos 200 dias.
No caso dos professores da rede pública de ensino o projeto de lei incide diretamente sobre os chamados professores eventuais (substitutos de aulas em caráter de urgência nas unidades de ensino) e professores OFAs (aqueles professores que assumem as aulas livres durante o ano todo, mas não são concursados).

Projeto de Lei Complementar nº. 20 prevê a criação da Escola de Formação de Professores. Candidatos a professores efetivos e temporários na rede estadual terão que passar por duas provas, ambas de caráter eliminatório, e um curso de qualificação a ser realizado no período de quatro meses, quando então será aplicada a segunda prova. 360 horas desse curso são de ensino à distância. Os professores que participarem do programa ganharão uma bolsa de 75% do salário inicial do docente (que variará de acordo com a jornada de trabalho). Aqueles que não atingirem a nota mínima na prova depois do curso não poderão dar aulas, mas exercerão atividades auxiliares.

UNIVESP (Universidade Virtual do Estado de São Paulo) é uma parceria entre a USP, UNESP e UNICAMP, a Fundação Padre Anchieta, a Fundação de Amparo à Pesquisa (FAPESP) e a Fundação do Desenvolvimento Administrativo Paulista (FUNDAP) com intuito de expandir vagas nas universidades estaduais paulistas através do ensino à distância. O primeiro módulo se refere a formar professores que já atuam no ensino infantil e fundamental da rede pública e privada (com licenciatura em pedagogia e ciências); o segundo módulo é constituir cursos permanentes de licenciaturas (matemática, biologia, química, física, história, geografia, letras etc.) à distância; e o terceiro módulo é referente aos cursos de especialização em Docência no Ensino Fundamental e Médio e Especialização em Gestão Escolar.


3. Conseqüência: Aprofundamento da precarização

Conseqüências gerais:
Intensificação da degradação do trabalho dos professores e funcionários e do processo educacional.

PLC 19:
- Manutenção da contratação instável, precária e não permanente porque enfatiza a regulamentação do trabalho temporário;
- Rotatividade de professores na rede pública de ensino porque impede a contratação temporária consecutiva;
- Regulamenta na lei a condição de ESTAR professor no lugar de SER professor destruindo o plano de carreira, porque prevê apenas concurso público (processo seletivo) para contratação temporária e não para cargos efetivos;
- Cria uma nova jornada de trabalho que reduz o salário abaixo do salário mínimo nacional;
- Perda de direitos trabalhistas como férias, 13º salário, seguro desemprego e FGTS para contratos temporários com menos de quinze dias corridos;
- Mascaramento da taxa real de desemprego no setor.

PLC 20:
- precarização do salário porque submete o professor a receber 25% a menos durante o curso de formação;
- intensifica a jornada de trabalho durante os meses de curso de formação;
- desqualificação dos cursos de licenciatura existentes atualmente;
- tecnificação da formação pedagógica.



UNIVESP:
- Imposição via decreto, autoritária, sem participação da rede de ensino básico e universitária;
- É inconstitucional porque fere o artigo 207 da Constituição Federal, criando uma universidade que não tem regulamentação curricular, não prevê o tripé ensino, pesquisa e extensão e não cria infra-estrutura;
- Não prevê ampliação do acesso público e de qualidade às universidades;
- Aumenta e intensifica a jornada de trabalho dos professores que já estão na rede pública e nas universidades;
- Não deixa claro os interesses econômicos das empresas de tecnologia e acessoria envolvidas no projeto;
- Substituição da formação por uma capacitação dos professores da rede de ensino básico através do ensino à distância, sem discussão da estrutura curricular e do projeto pedagógico;
- Contratação precária de tutores no lugar de educadores;
- Substituição de bolsas de pesquisa por bolsa tutoria;
- Não prevê a contratação de funcionários e professores, via abertura de concursos públicos;
- Desmantelamento do tripé (ensino, pesquisa e extensão) na universidade e não criação desse mesmo tripé na rede pública de educação básica;
- O financiamento por consórcio dissocia das verbas efetivas para a educação pública (que vem do ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) a verba da UNIVESP, resultando na perda da autonomia universitária administrativa e pedagógica;
- Desmobilização política de alunos, professores e funcionários.

LUTA PELA EDUCAÇÃO:

- Aumento do percentual do ICMS para a educação;
- Aumento salarial de funcionários e professores;
- Fim da contratação temporária, terceirizada e precária;
- Criação de concursos públicos efetivos para suprir a demanda de temporários;
- Criação de espaços democráticos para discussão do Projeto Pedagógico para educação básica e superior;
- Democratização da educação pública com qualidade.



ESTUDANTES EM GREVE DA UNICAMP
arquivo.doc

5 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Claro, a polícia fez muito errado de ter continuado atirando nos estudantes enquanto esses já corriam para dentro do prédio de humanas da USP. No entanto... fiquei sabendo que os manifestantes arrancaram uma privada (vaso sanitário) de um banheiro e a atiraram na parede, além de acharem muitas garrafas de cerveja no meio-fio da rua onde houve a concentração. Além disso, ainda conversei com um colega meu que fez Unifesp em Guarulhos esses primeiros meses de 2009 sobre os movimentos que ocorriam por lá, e descobri que ele viu o mesmo tipo de coisa de perto, quando foi participar de uma manifestação. Ele viu o trânsito sendo parado e de repente também manifestantes pichando os muros, deu meia volta e foi embora.

    Podemos então criar até novas definições, existe aquele que se manifesta, mesmo no desconforto da manifestação, para buscar os objetivos, as metas e os ideais colocados em comum no mundo que enxerga o mal que nele é enraizado, e aqueles que querem só a festa.
    Como querem se aliar a população alienada, se não dão a chance à ela de realmente enxergar o que se passa pelos seus meios? Em vez de lutar com todos os que sofrem da mesma base de mal que vocês, atual manifestantes, para arrancá-los da caverna escura, apenas os mergulham ainda mais nela, no sofrimento, na exploração quieta, no isolamento, na exclusão. Páram as ruas, com os ônibus lotados de trabalhadores cansados que só querem ir para casa e ainda picham os muros de suas casas dizendo "contra isso, contra aquilo...", irritando-os ainda mais enquanto os olhos perversos, os quais vocês dizem lutar contra, simplesmente olham e agradecem por ver a auto-destruição da única organização e aliança que poderia destituir suas ações egoístas.

    A própria auto-alienação da sociedade começa por vocês, que parecem querer apenas sentir-se gauches, garotos e garotas rebeldes (sem causa), contra o sistema, contra a autoridade, e fazem festas ridículas, quebrando tudo, se embriagando e invadindo tudo sem saber o que estão fazendo, sem uma meta, como animais da caverna, um horrowshow tão fedorento quanto o do Estado.
    Toda a população quer o mesmo que vocês, apenas não os ajudam porque para todo o mundo fora vocês isso parece só uma bagunça, um vandalismo qualquer.
    Façam algo objetivo, claro, contra aqueles com os quais vocês devem ser contra, cortem o mal pela raiz, sejam diretos, certeiros, criem meios para desalienar a população, (ou despocotizar, como diz o vídeo no YouTube Não quero ser um brasileiro pocotó) para conquistá-la, tragam a união para onde a união deve ir.

    E eu, e alguns de nós, esperançosos por uma mudança, aqui ficamos perplexos diante deste pão e circo, desta psicologia reversa do Estado, diante dessa insustentável leveza de seus espíritos .

    Peço desculpas caso esteja errado, falando mentira por não conhecer a fundo a situação, mas por favor, se foir isso, me convençam.
    O blog www.acolecaodetudo.blogspot.com é meu, e meu e-mail é blogintime@hotmail.com. Me respondam

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  3. Caro colega do blog www.acolecaodetudo.blogspot.com,
    Percebo que temos as mesmas insatisfações quanto à realidade que se apresenta.
    E temos também em comum a preocupação de imaginar formas de mudar esta realidade.
    Mas fazer uma discussão aberta sobre a forma de mobilização, neste momento, pode desviar nossa finalidade e ainda reforçar vários preconceitos.
    Por exemplo, eu não o(a) conheço, e teria muita dificuldade de imaginar seu perfil ou designar adjetivos sobre você. Assim como, não temos como dimensionar ou adjetivar aqueles, como vários colegas que montaram o blog mobiliza Unicamp, e que sofreram agressões físicas e morais no confronto com os policiais na USP. Também não temos como dimensionar ou adjetivar os policiais que foram apedrejados e se feriram no confronto (mesmo sabendo que, como acontece com os professores, eles são mau remunerados e desvalorizados socialmente).
    Por isso, homogenizar é muito perigoso. Não sabemos de onde partem as vozes que participam do movimento.
    Quando dizemos que todo palestino é terrorista, ou que todo americano é imperialista estamos homogenizando.
    O que me assusta é desproporcionalidade das reações, explico:
    Quando a reitora de uma universidade reconhecida internacionalmente pela sua excelência acadêmica precisa requerer que a força policial reintegre a ordem na universidade pública, por que argumenta que grupos radicais que estão no movimento grevista impedem o funcionamento da universidade, eu fico perplexo!
    Quando cotidianamente professores solicitam a presença da polícia para resolver briga de alunos na escola, eu fico perplexo!
    Aonde foi parar o papel formativo destas instituições! Por que quem deveria representar a autoridade (o conceito de Durkheim) passa a se utilizar de autoritarismo. Temos que estar atentos as defesas que fazemos, pois a democracia e a educação pública que defendemos no movimento grevista não é uma garantia legal. A todo momento, temos que reivindicar e construir esta democracia e educação pública. Se não, em breve, estaremos em nome da ordem, aumentando as formas de controle, e logo, logo, achando que é melhor voltarmos à ditadura e ao controle dos militares para o reestabelecimento da ordem.
    Por isso me assusta a falta de proporcionalidade! É a mesma lógica utilizada pelos americanos ao soltar as bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaky. Precisamos demonstrar a força que temos e testar nossa invenção (assista o filme documentário Sob a Névoa da Guerra). Sem considerar a desproporcionalidade que tem esta ação, frente a perda de milhões de vidas.
    Poderíamos aqui neste espaço ou em um grupo de discussão, ou Fórum na internet fazer uma discussão sobre a violência legal do Estado, sobre democracia ou sobre liberdade e autoritarismo. O que seria muito interessante, mas por vezes, estas discussões cessam com a troca de insultos (violência homogenizante) entre os debatedores com acusações de “comunistas” ou “neoliberais” que em geral demonstram a pouca paciência e disponibilidade política para a discussão transformando tudo em desqualificação sem a prerrogativa de conhecer e ouvir o outro.
    Por isso, caro colega, convido-o a participar das discussões do movimento de greve e nos ajudar a construir formas de mobilização e comunicação sem perder de vista nossos objetivos: Uma sociedade mais justa, mais democrática com acesso real a educação pública de qualidade.
    Um abraço.
    Sergio Stoco

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  4. Obrigado Sergio por considerar minha opinião nesse comentário, é relmente muito bom saber que coisas que pensamos podem ajudar a formular algo muito maior.
    De maneira nenhuma, peço desculpas se meu comentário passou essa impressão (vou editá-lo agora mesmo), quero "homegeneizar", tratar todo o grupo de manifestantes como algo único e simples. Quero dizer que este tipo de ação vêm acontecendo com muita frequência e os próprios manifestantes que buscam a coisa verdadeira devem conter e instruir aos colegas a não tornar aquele movimento um 'ato de vandalismo, de bagunça e festa' nas cabeças das pessoas que o observam. Isso realmente leva muitos contra a manifestação e tira as esperanças de muitos que lutam com verdade, e isso eu vejo de perto, por parecer que essas manifestações são só a bagunça, e acabam se acomodando aos absurdos desses reitores, governadores, e de modo geral, a esse mundo capitalista (nao que eu seja um marxista!). Não quero que a sociedade perca a esperança! Mas também não quero que alguns fiquem sozinhos e em vão numa barbárie aparente.
    Queira ou não, esses babacas que se embebedaram e destruíram coisas acabam dissolvendo os outros no meio deles, tornando insignificantes aqueles que querem um objetivo claro e passando uma imagem geral ruim para o resto dos estudantes e para a sociedade (que é quem são quem eles deveriam estar persuadindo a se unir).
    Com certeza assistirei ao documentário que falou, e já estive uma vez numa reunião sobre a Univesp que gostei muito, mas as outras foram sempre em horários muito inacessíveis para mim.
    Se houver uma maneira com que eu possa me comunicar com você sem ser por comentários, se isto estiver incomodando o blog mobiliza unicamp, me avise.

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  5. Voce não esta incomodando o blog, afinal ele é seu também!
    Agradecemos a sua particação.Eu particulamente fiquei muito feliz!
    Post sempre que quiser, ok?

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